História
A 20 de fevereiro de 1983 a Câmara Municipal de Abrantes deliberou, em reunião extraordinária, que se criasse o Arquivo Histórico do Concelho de Abrantes (AHCA), afetando-lhe uma sala do Convento de São Domingos. Nesta mesma deliberação fez-se transferir toda a documentação que existia no seu arquivo anterior a 1933, no sentido de lhe dar corpo. Entretanto, muita da documentação não municipal de interesse histórico havia sido reunida ao abrigo da Lei da Separação da igreja do Estado - nomeadamente a das principais igrejas de Abrantes, São João, São Vicente e S. Pedro – e encontrava-se no Museu D. Lopo de Almeida, no castelo de Abrantes, sendo o documento mais antigo datado do Séc. XIII. Contudo, diversos protestos e reclamações sobre o seu estado de conservação, a apertadíssima acessibilidade aos documentos e a segurança dos mesmos, conduziram à intervenção do Instituto Português do Património Cultural e à programada transferência de todos os documentos para o Arquivo Distrital de Santarém, com base no suporte legal então vigente, que não reconhecia a existência de arquivos municipais. Com o objetivo principal de salvaguarda da ligação dos fundos documentais disponíveis ao seu território de origem e tendo a câmara já criado um espaço destinado a arquivo histórico, entendeu estarem reunidas as condições para juntar à sua documentação os fundos sob custódia do Museu D. Lopo de Almeida. Assim, num ato de firmeza que a história local regista, a câmara opôs-se com grande dignidade – e contra a lei - à transferência desses últimos para o Arquivo Distrital de Santarém, levando toda a documentação existente no museu para o Arquivo Histórico do Concelho de Abrantes, em 9 de Abril de 1984. Nesta ação teve papel relevante o então deputado e ex Governador Civil de Santarém Fausto Sacramento Marques que, tendo conhecimento da intenção do arquivo distrital, avisou o então presidente da Câmara Municipal de Abrantes José dos Santos de Jesus, de modo a que este pudesse antecipar-se na recolha da documentação. O arquivo histórico foi ganhando progressivamente importância e é hoje, sem dúvida, um prestigiado serviço público do município, como o atestam os vários depósitos dos seus importantíssimos fundos, feitos pelo Montepio Abrantino Soares Mendes (1988), pela Santa Casa da Misericórdia (1991), Pelo Prof. Arquiteto Duarte Castel Branco (2007), pelo Marquês de Abrantes (2010), Juntas de Freguesia de Pego, São Miguel do Rio Torto [ant. a 2000], São Facundo, Vale das Mós e Bemposta (2010), os Serviços Municipalizados de Abrantes (2011), entre muitos outros de proveniência associativa e particular. | Após a inauguração da Biblioteca Municipal António Botto, em 1993, o arquivo passou a ocupar o espaço deixado vago pela anterior biblioteca, crescendo para duas salas de depósito que ocupavam 434 metros lineares de prateleiras e uma sala de trabalho e leitura. Passados 30 anos o AHCA ampliou a sua capacidade e mudou a sua designação, passando a usar a nomenclatura de Arquivo Municipal Eduardo Campos (AMEC), em homenagem àquele que foi o seu zeloso técnico e destacado estudioso da história local.
O edifício onde hoje está instalado o arquivo municipal foi construído de raiz para seu uso exclusivo, no âmbito do Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais, tendo as condições técnicas e ambientais necessárias a uma boa conservação e difusão dos documentos que são o garante da nossa memória como sociedade organizada.
Tentando acompanhar a evolução da era digital, como resposta a esta evolução e acompanhando o processo de modernização administrativa em curso na autarquia, estabelecemos como objetivo a criação do “arquivo digital”. Esta ação está em curso para uma série documental específica, os licenciamentos de obras particulares. A criação do arquivo digital é evolutiva, pois vai crescendo de acordo com as solicitações que vão sendo colocadas. Por forma a rentabilizar todas estas condições, continuaremos a dar atenção especial a uma das pedras basilares da arquivística que é a deteção, fazendo contactos e ações de sensibilização dos detentores de espólios documentais, para que efetuem o seu depósito no arquivo, através de protocolos específicos. O arquivo tenta enquadrar todas as suas ações como formas de reafirmar uma história que se constrói todos os dias e de que ele é o garante de preservação e divulgação das memórias individuais e coletivas.
Regulamento: em fase de construção. |
Guia dos Fundos Documentais