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Comemorações do 25 de Abril

Num modelo que rompeu com o tradicional, a Sessão Extraordinária Evocativa do 25 de Abril da Assembleia Municipal de Abrantes deu a palavra a jovens do concelho. A sessão evocativa realizou-se no Auditório da Santa Casa da Misericórdia e iniciou-se com uma encenação alusiva à data pelos alunos do Curso Profissional de Artes do Espetáculo da Escola Sec. Dr. Manuel Fernandes. A luta pela democracia no Século XXI foi o tema da sessão evocativa do 25 de Abril que contou com a moderação do jovem João Morgado, aluno da Escola Sec. Dr. Manuel Fernandes e com a presença do convidado Domingos da Cruz, Professor Universitário, Jornalista, Escritor Angolano, preso político. “Para reavivar a memória, a uns e para explicar, a outros”, introduziu João Morgado, o autor do livro “Ferramentas para destruir o ditador e evitar uma nova ditadura”, cuja leitura e discussão esteve na base do processo promovido pelo Estado Angolano que levou à sua prisão, e mais 16 ativistas, nomeadamente Luaty Beirão, Domingos da Cruz elencou um conjunto de fenómenos que podem colocar em causa os sistemas democráticos num conjunto de países. Todos os partidos políticos com representação na Assembleia Municipal concordaram em prescindir do uso da palavra neste dia e, cada um indicou um jovem para expressar livremente a sua visão sobre a data evocada.
Thomas Matafome, indicado pelo CDS-PP, olhou o país nos 44 anos depois da revolução e elencou com um conjunto de perguntas sobre o futuro para os jovens: “Que opções temos enquanto jovens? Tentar entrar na função pública, emigrar, criar o próprio posto de trabalho? A classe privilegiada deste 25 de Abril é a função pública. Trabalham menos, têm mais privilégios, segurança no emprego e reforma mais cedo”, criticou. No seu entendimento, “não há mais liberdade de expressão, não há mais segurança e não há mais emprego”.
Beatriz Delfino Cruz, convidada pelo BE, optou pela memória histórica, observando os últimos anos do antigo regime “marcados por um clima de crise económica, pela falta de liberdades públicas e pela continuidade do regime autoritário. Foi no seio das Forças Armadas que o descontentamento e a tensão se acentuaram” recordou. Concluiu, recordando que “Após o 25 de Abril, várias barreiras foram transpostas, tais como: a formação de vários partidos políticos, passou a haver liberdade de expressão e de imprensa, um salário mínimo nacional para os trabalhadores e o serviço militar deixou de ser obrigatório”.

 
 A CDU indicou para o uso da palavra a jovem Ana Cruz para quem “a Revolução só foi possível depois de 48 anos de resistência contra o fascismo”. Abordou o tema da edução tendo afirmado que essa área “vive um retrocesso” e que o acesso ao ensino superior “é um bem de luxo”. Lembrou também os direitos adquiridos com a democracia como a cultura, a habitação, a saúde e o desporto. Pelo PSD, tomou a palavra o jovem Bernardo Fernandes para quem a Revolução dos Cravos, “marcou uma viragem na vida do país, abrindo assim portas à democracia, o que significou igualdade de oportunidades, o acesso à educação, à saúde e à justiça”. Abordou os níveis de abstenção nos atos eleitorais e o distanciamento dos jovens da atividade cívica, concluindo que “a luta pela democracia no séc. XXI em Portugal deverá ser uma luta pela constante credibilização do regime”. O PS convidou para usar da palavra Laura Branco que manifestou preocupação com o facto de alguns jovens não refletirem “sobre a luta dos antepassados, principalmente aqueles que lutaram pelos nossos direitos”. Advertiu que “a história não pode ser apagada mas pode ser esquecida” e relembrou que, para que tal não aconteça “a escola terá um papel fundamental na partilha de histórias e de vivencias”. Referiu ainda a revolução tecnológica como motor de mudança dos estilos de vida dos jovens, declarou ver muitos colegas sem interesse por assuntos de “afetam a todos”, tendo congratular-se por “viver num concelho onde os jovens têm oportunidade de serem ouvidos”.
Este ano, pretendeu-se o envolvimento das escolas secundárias, cujos agrupamentos anuíram ao desafio da Câmara e da Assembleia Municipal. Com o objetivo de aprofundar a proximidade do tema aquela que muitas vezes é já chamada a 2ª geração de Abril, as escolas secundárias proporcionaram a alguns dos seus alunos sessões realizadas no dia 24 sobre o tema “A Escola, a Democracia e o 25 de Abril”. Na Esc. Manuel Fernandes, a sessão foi moderada pelo Jornalista Mário Rui Fonseca e teve como testemunhas Mário Pissarra e Lígia Vitória que em 74 eram, respetivamente, professor e aluna no Liceu de Abrantes. A Esc. Solano de Abreu ouviu as “estórias de Helena Bando e Ana Moreira que no ano da revolução eram professora e aluna na Escola Industrial e Comercial. A sessão foi moderada pela Jornalista Joana Margarida Carvalho. O concerto evocativo da data realizou-se este ano, 2018, na Sociedade Artística Tramagalense, com a Academia de Músicos de Abrantes e o Coro Misto do Orfeão de Abrantes, numa viagem musical pelas obras de Fernando Lopes Graça e José Afonso. O concerto terminou com a Grândola Vila Morena.


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